As vendas pela internet podem se valer de muitos recursos para ter um aumento significativo de volume
Em operação há uma década, a loja virtual Girafa é especializada em produtos eletrônicos. O portfólio da marca possui cerca de 1.100 itens. Há televisores, máquinas de café, celulares, secadores de cabelo e jogos de videogame, entre outras dezenas de linhas.
Semanalmente, as melhores ofertas do e-commerce são distribuídas para milhares de consumidores por meio de sites de cupons de desconto, blogs, portais de notícias, redes sociais e outros canais online. Esses anúncios, que se espalham quase como um “boca a boca” digital e elevam o número de usuários no site, faz parte da estratégia de marketing de afiliados adotada pela marca há cinco anos. A prática consiste em utilizar uma rede de empresas e pessoas físicas (os afiliados), que utilizam seus sites – e outros canais virtuais – para divulgar produtos e serviços online.
Também fazem parte da cadeia os anunciantes (marcas que desejam promover suas ofertas) e plataformas de gerenciamento, que centralizam a demanda e oferta de anúncios e intermedeiam a relação entre os anunciantes e afiliados. As plataformas mais conhecidas no mercado são a Lomadee, Hotmart, Eduzz e Monetizze.
Na prática, o modelo opera de uma maneira bem simples, que lembra o sistema de vendas diretas, utilizado por empresas de cosméticos como Natura e Jequiti. Funciona assim: a marca escolhe os produtos que deseja promover e publica os descontos na plataforma. O valor dos descontos costuma variar. Na Girafa, a média é de 10%. Posteriormente, os afiliados podem ter os anúncios publicamos automaticamente em seus sites, como blogs, ou selecionar os produtos e disparar os anúncios por diferentes canais, como redes sociais. Em todos os casos, cada afiliado utiliza um link único do anúncio. Assim, é possível saber qual afiliado foi responsável por levar usuários e gerar vendas. Na Lomadee, a cada venda o afiliado recebe uma comissão. Produtos de alto valor, como televisão, têm menor comissão (2%). Em produtos de moda, é de cerca de 15%. Na média geral, a comissão gira em torno 7% do preço final do produto. A monetização da Lomadee também é feita em cima da comissão, que é dividida em 70% para o afiliado e 30% para a Lomadee.
O único elo que paga para utilizar a tecnologia são as marcas. Por outro lado, o retorno sobre o investimento é sempre positivo, uma vez que só há pagamento de comissão quando há venda no site. Na Girafa, por exemplo, o retorno de investimento é fixo. Quando a comissão é de 10%, o retorno é de 20%. De acordo com Marcelo Volpe, CEO da Girafa, o princípio benefício do marketing de afiliados é poder falar com o consumidor no momento em que ele ainda está formando opinião sobre o que deseja comprar, como quando procura informações em blogs. “É aquela fase anterior à busca de produtos no Google, quando o consumidor já escolheu o item que deseja e está sensível apenas ao preço baixo”, afirma Marcelo. Hoje, cerca de 5% dos visitantes que chegam ao site da Girafa são provenientes das redes de afiliados. Embora não revela o faturamento, a empresa espera crescer 10% em 2018.
MERCADO EM EXPANSÃO
Nos seis primeiros meses do ano, o e-commerce brasileiro faturou R$ 23,6 bilhões – alta nominal de 12,1% em relação ao mesmo período de 2017. A previsão é de que o crescimento se repita neste segundo semestre, de acordo com o e-Bit. Ao mesmo tempo, os investimentos em marketing digital não para de crescer.
Pesquisa recente da IAB Brasil apontou que o segmento cresceu 25,4% em 2017, com receitas de 14,8 bilhões. Até 2021, os investimentos devem crescer 12% anualmente. De acordo com Daniel Freire, diretor executivo da Lomadee, é estimado que 10% de todas das vendas do e-commerce passam pelo marketing de afiliados. Somente a Lomadee possui 300 mil afiliados em sua rede, com 100 mil gerando ao menos uma venda no mês.
“A situação macroeconômica, com falta de emprego, gera nas pessoas a necessidade de obter renda extra”, afirma Freire. “Isso faz com que muitos optem por ser um afiliado”. O crescimento do marketing de afiliados também está ligado às necessidades das marcas. Os anunciantes veem a estratégia como uma alternativa às vendas via marketplace, que garantem comissão na casa dos 15%, e dos anúncios no Google ou Facebook, que ainda representam os maiores investimentos do e-commerce.
Fonte: Diário do Comércio